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Fogaréu nas ruas de Araci: fé, memória e resistência cultural

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Em Araci, no sertão baiano, as chamas que serpenteiam a escuridão na Quinta-Feira Santa vão muito além da simbologia religiosa. A Procissão do Fogaréu, realizada anualmente, é uma celebração intensa da fé católica, mas também um ritual de memória, pertencimento e resiliência cultural. A cada passo, a cada vela acesa, reacende-se a história de uma comunidade que encontrou nos ritos da Semana Santa uma forma única de expressar sua identidade.

🙏🏽 Um cortejo de luz e devoção

A cerimônia acontece após a Missa do Lava-Pés e rememora a prisão de Jesus no Horto das Oliveiras. Homens e mulheres seguem em procissão desde o alto do Bonfim — local simbólico de fé em Araci — descendo o morro com velas acesas dentro de copos de papel, formando um trilho de luz que corta a escuridão da noite. Durante o percurso, os fiéis entoam cantos melancólicos e orações, como se refizessem o sofrimento de Cristo a cada passo.

💃🏽 Transformações e permanências

Ao longo do tempo, o ritual sofreu adaptações. A presença de mulheres, antes restrita, passou a ser aceita. O ponto de partida da procissão também foi alterado: em vez de iniciar apenas no Bonfim, passou a sair diretamente da igreja após a missa, retornando em um só cortejo.

Ainda assim, a essência da prática permanece: o Fogaréu é um rito de comunhão coletiva, de entrega e silêncio, onde cada vela carregada representa um voto, um luto ou uma esperança.

🔥 O fogo como símbolo de resistência

Mais que um elemento litúrgico, o fogo representa purificação, caminho e memória viva. Caminhar com a chama acesa é manter viva a tradição que os mais velhos transmitiram, é resistir à modernidade que muitas vezes tenta apagar os ritos do interior.

Como apontam os autores Jéssica Santos e Juarez Marques, o Fogaréu em Araci revela como as tradições religiosas se entrelaçam com a história oral, com os afetos familiares e com o território. Cada edição da procissão é também um ato de resistência: uma reafirmação de fé que constrói e reconstrói laços comunitários.

📚 Referência

SANTOS, Jéssica; MARQUES, Juarez. Fogaréu nas ruas de Araci: fragmentos de uma fé em movimento. 2022.




 
 
 

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