Laços de sangue e resistência: a família escravizada em Serrinha
- Agência Eco
- 29 de mai.
- 2 min de leitura
Atualizado: 29 de mai.
Quando se fala em escravidão, muitas vezes se pensa apenas no trabalho forçado, nos castigos, nas senzalas. Mas por trás dessa violência sistemática, havia também famílias que lutavam para existir, criar vínculos, proteger seus filhos e preservar afetos — mesmo sob as correntes da opressão.
É isso que revela a pesquisa sobre a formação das famílias escravizadas em Serrinha, entre os anos de 1850 e 1888. A partir de registros de batismos, inventários e documentos paroquiais, o estudo mostra que, mesmo com todos os limites impostos pelos senhores, os escravizados construíram laços familiares sólidos e estratégias para manter a coesão do grupo.
👶🏾 Os registros de batismo da Igreja de Sant’Ana mostram mães negras que insistiam em registrar seus filhos com nomes simbólicos e, muitas vezes, com padrinhos livres — tentando garantir alguma proteção futura. O batismo era também uma forma de resistência espiritual e social.
💍 Casamentos entre escravizados também ocorriam, mesmo que não fossem reconhecidos oficialmente como "válidos" pelas autoridades. As uniões informais, muitas vezes celebradas dentro das comunidades negras, revelam formas próprias de organização familiar, invisibilizadas pelos documentos oficiais.
“Apesar da condição servil, havia entre os cativos uma firme tentativa de manter os vínculos familiares.” — trecho do estudo
🏠 Outra estratégia encontrada foi a manutenção de redes de apoio entre famílias de uma mesma fazenda ou rua. Quando um membro era vendido, os demais tentavam garantir o cuidado dos filhos ou articular fugas em grupo. Os quilombos e irmandades religiosas também serviram como espaços de proteção.
Essa história mostra que os escravizados não eram apenas vítimas passivas, mas sujeitos ativos, que criaram formas de resistência afetiva e cultural mesmo nas condições mais adversas.
📚 Aprendizados dessa pesquisa:
A escravidão tentou romper os laços familiares — mas eles resistiram.
A religiosidade popular foi uma ferramenta de proteção emocional e identidade.
Famílias escravizadas moldaram a base de muitas comunidades negras atuais.
Conhecer essas histórias fortalece o reconhecimento das lutas negras no sertão.
📝 Fonte:Pesquisa anônima com base em registros eclesiásticos e civis de Serrinha-BA. A família escrava em Serrinha: aspectos da vida privada e estratégias de resistência (1850-1888).
📸 Créditos das Imagens: Arquivo paroquial da Igreja de Sant’Ana, reprodução de livros de batismo, acervo histórico da comunidade.







Comentários